terça-feira, 11 de maio de 2010
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Crédito da imagem: Gary Scott
www.garyslens.ca
"Ninguém machuca um coração inocente e sai ileso. Não na minha frente. A imagem daqueles dois túmulos está sangrando em minha memória. Eu sei de tudo. Te enterro. Mas como é que eu vou enterrar um morto que não é meu? Os machucados da minha cara estão inflamados por causa dessa doença incurável. Embrulho-me num cobertor e me acomodo como posso. Na sala de jantar, meus tigres de papel descem as calças e dançam sem decoro. Funestos mensageiros me abrem as veias com uma faca cega, espalhando meu sangue pelas paredes e corredores dos quartos. Eles tentam escrever um nome. Tirem-me desta jaula, ela está cheia de ratos sujos sem cor nem consciência. Minha caneta está possuída. Eu vou te perfurar neste papel, até que você caia morto na sombra do esquecimento. Meu Deus, meus ossos estão se soltando da carne. Deve ser de tanto eu me cortar nos cacos das minhas lembranças."
Pipa
http://agentepodiasevernoar.blogspot.com
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